O que você precisa saber agora
Corrimento com mau cheiro? Entenda causas, sinais, diagnóstico e tratamentos eficazes do corrimento vaginal, com dicas de prevenção e quando procurar ajuda.
O mau odor íntimo raramente é “normal”. Ele costuma sinalizar um desequilíbrio da flora vaginal ou uma infecção que exige atenção. Se você percebeu secreção amarelada ou esverdeada, cheiro forte (por vezes lembrando peixe), desconforto ao urinar, coceira ou irritação, é hora de agir. Neste guia, você entenderá o que pode estar por trás do corrimento vaginal, como diferenciar as causas mais comuns, quais exames o ginecologista utiliza para fechar o diagnóstico e quais tratamentos realmente funcionam.
Com informações práticas e diretas, você saberá quando dá para cuidar em casa, quando procurar atendimento e como prevenir recidivas. O objetivo é devolver seu conforto e sua segurança, protegendo sua saúde íntima e sua vida sexual.
Causas do corrimento vaginal com mau cheiro
Identificar a causa é o primeiro passo para o tratamento correto. Nem todo corrimento é doença, mas corrimento com odor forte costuma apontar para infecção.
Tricomoníase: uma IST muito comum
A tricomoníase é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis e é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais frequentes no mundo. O quadro típico inclui:
– Corrimento amarelado ou esverdeado, por vezes espumoso
– Mau cheiro intenso
– Ardor ao urinar e irritação vaginal
– Coceira e desconforto durante o sexo
Por que o cheiro? O parasita e a inflamação alteram o pH e a microbiota vaginal, favorecendo odores desagradáveis. A transmissão é sexual e, muitas vezes, um parceiro pode estar sem sintomas e manter a reinfecção. Por isso, o tratamento de ambos é fundamental.
Vaginose bacteriana: desequilíbrio da flora
Diferente de uma IST clássica, a vaginose bacteriana é um desequilíbrio das bactérias da vagina, com redução de lactobacilos “protetores”. O resultado é um aumento de bactérias anaeróbias que liberam aminas voláteis de cheiro forte.
Sinais comuns:
– Corrimento acinzentado ou esbranquiçado, mais fluido
– Odor de “peixe” que piora após a relação sexual
– Pouca coceira; em geral, sem dor ao urinar
Fatores de risco incluem múltiplos parceiros, novas parcerias, duchas vaginais, tabagismo e uso recente de antibióticos. Embora não seja uma IST na definição estrita, a atividade sexual influencia sua ocorrência e recorrência.
Outras causas possíveis
– Cervicite (inflamação do colo do útero): pode ocorrer por clamídia ou gonorreia; costuma vir com dor pélvica e sangramento pós-coito.
– Corpos estranhos (ex.: absorvente interno esquecido): geram corrimento muito fétido e irritação local.
– Doenças inflamatórias pélvicas: além de corrimento, causam dor pélvica e febre; exigem avaliação imediata.
– Candidíase: geralmente tem corrimento branco grumoso e coceira intensa, com pouco ou nenhum cheiro ruim. Se o odor for marcante, pense em outra causa associada.
Saber diferenciar essas condições orienta o próximo passo: quais exames pedir e qual tratamento adotar.
Como reconhecer sinais e diferenciar as causas
Observar cor, cheiro, sintomas associados e gatilhos ajuda a apontar o caminho do diagnóstico, mas não substitui a avaliação médica.
Mapa rápido de sinais
– Tricomoníase
– Cor: amarela/esverdeada, possivelmente espumosa
– Odor: forte
– Sintomas: ardor ao urinar, coceira, dor na relação
– Transmissão: sexual; parceiro pode estar assintomático
– Vaginose bacteriana
– Cor: acinzentada/esbranquiçada, fluida
– Odor: de peixe, piora após sexo
– Sintomas: em geral pouco prurido
– Não é IST clássica, mas tem forte relação com atividade sexual
– Candidíase
– Cor: branca, grumos tipo “leite coalhado”
– Odor: mínimo
– Sintomas: coceira intensa, ardor
– Corpos estranhos
– Odor: muito fétido
– Sintomas: desconforto local, às vezes sangramento
Dica prática: Se o cheiro é a queixa principal e a secreção é fluida, pense primeiro em vaginose bacteriana; se a secreção é amarelada/esverdeada, com ardor urinário e incômodo no sexo, considere tricomoníase.
Quando é normal e quando não é
– Normal: Corrimento vaginal fisiológico é claro ou leitoso, sem odor forte, variando ao longo do ciclo (mais abundante próximo à ovulação). Não causa coceira ou ardor.
– Alerta: Qualquer mudança brusca no cheiro, na cor (amarela, esverdeada, cinza) ou na quantidade, acompanhada de coceira, dor ou sangramento, requer avaliação.
Observação importante: Autodiagnosticar e usar “remédios caseiros” ou restinhos de pomadas pode mascarar sintomas e atrasar o tratamento correto.
Diagnóstico: como o ginecologista confirma a causa
O diagnóstico certeiro evita idas e vindas e reduz as chances de recorrência.
Passo a passo da avaliação
– Anamnese detalhada: início dos sintomas, cor e odor do corrimento, prurido, dor ao urinar, dor na relação, uso de antibióticos, histórico sexual e contraceptivos.
– Exame físico: inspeção da vulva e vagina, avaliação do colo uterino e do pH vaginal.
– Testes rápidos no consultório:
– Teste do whiff (cheiro) com KOH: odor “de peixe” sugere vaginose bacteriana.
– Microscopia a fresco: visualiza o Trichomonas (tricomoníase) e “clue cells” (vaginose).
– Exames de laboratório (quando necessário):
– Cultura, PCR ou painel de ISTs para tricomoníase, clamídia, gonorreia.
– Testes específicos em gestantes ou em casos recorrentes.
Em muitos casos, o padrão clínico mais o exame microscópico simples já definem a conduta. Se há suspeita de mais de uma causa (por exemplo, vaginose e tricomoníase juntas), o médico pode combinar terapias.
Erros comuns que atrapalham o diagnóstico
– Automedicação com antifúngico para todo tipo de corrimento: candidíase é apenas uma das causas e, em geral, não tem cheiro forte.
– Duchas vaginais antes da consulta: alteram pH e microbiota, confundindo o exame.
– Uso de perfumes íntimos: mascaram o odor sem tratar a causa, além de irritar a mucosa.
– Esquecer de informar uso recente de antibióticos e novas parcerias sexuais.
Transparência nas informações e evitar “limpezas” no dia da consulta aumentam a precisão diagnóstica.
Tratamento que funciona de verdade
Corrimento com mau cheiro melhora quando a causa raiz é tratada. Em tricomoníase e vaginose bacteriana, medicamentos específicos são a base do cuidado.
Medicamentos de primeira linha
– Tricomoníase
– Antiparasitários do grupo dos nitroimidazóis (como metronidazol ou tinidazol) por via oral.
– Doses variam conforme o caso; siga a prescrição médica.
– Fundamental: tratar o parceiro ao mesmo tempo para evitar reinfecção.
– Vaginose bacteriana
– Antibióticos como metronidazol (oral ou gel vaginal) ou clindamicina (creme vaginal).
– Evite álcool durante e logo após metronidazol, conforme orientação médica, para prevenir efeitos adversos.
– Coinfecções e outras causas
– Cervicites por clamídia ou gonorreia exigem antibióticos específicos e, muitas vezes, tratamento do(s) parceiro(s).
– Corpos estranhos devem ser removidos; antibióticos podem ser necessários se houver inflamação significativa.
A escolha da via (oral ou tópica) e da duração depende da gravidade, do histórico de recidivas e de condições como gravidez.
Tratamento do parceiro e prevenção de reinfecções
Tricomoníase é uma IST. Tratar apenas um indivíduo mantém o protozoário circulando no casal.
– Oriente seu parceiro(a) a consultar um profissional e seguir a prescrição.
– Evite relações sexuais desprotegidas até o término do tratamento e resolução dos sintomas.
– Reteste se os sintomas persistirem ou retornarem após algumas semanas.
Vaginose bacteriana, embora não seja IST clássica, pode se beneficiar de ajustes na vida sexual:
– Usar preservativo em novas parcerias ou durante tratamento.
– Reduzir número de parceiros e evitar múltiplas parcerias simultâneas.
Gravidez e amamentação: cuidados especiais
– Tricomoníase na gestação pode aumentar risco de complicações, por isso merece tratamento adequado e oportuno.
– Algumas medicações têm restrições por trimestre; o obstetra ajustará doses e vias.
– Evite automedicação. Informe imediatamente qualquer sintoma de corrimento vaginal com odor na gravidez.
Cuidados práticos no dia a dia para evitar o mau cheiro
Prevenção e hábitos adequados protegem a microbiota vaginal e reduzem recidivas.
Higiene íntima inteligente
– Lave a vulva com água e sabonete suave (pH próximo ao fisiológico); não introduza sabonete dentro da vagina.
– Evite duchas vaginais: elas removem lactobacilos protetores e aumentam o risco de vaginose bacteriana.
– Prefira calcinhas de algodão e roupas menos apertadas; troque peças úmidas o quanto antes.
– Menstruação: troque absorventes regularmente; atenção redobrada a absorventes internos para não esquecê-los.
Sexo seguro e autocuidado
– Use preservativos (externos ou internos), especialmente em novas relações.
– Realize check-ups ginecológicos anuais e, se indicado, testes para ISTs.
– Evite compartilhar toalhas e roupas íntimas.
– Não utilize perfumes, desodorantes ou “sabonetes bactericidas” na região íntima sem orientação.
Alimentação, estresse e microbiota
– Dieta equilibrada e sono adequado ajudam o sistema imunológico.
– Antibióticos sistêmicos alteram a flora; use apenas quando prescritos e informe seu histórico ao médico.
– Probióticos específicos podem ser considerados em casos recorrentes, sob orientação profissional.
Pequenos ajustes no cotidiano, somados ao tratamento correto, reduzem muito o risco de o corrimento vaginal com mau cheiro voltar.
Quando procurar ajuda e o que esperar da consulta
Saber o momento de buscar avaliação profissional evita complicações e acelera a melhora.
Sinais de alerta
– Corrimento amarelado/esverdeado com odor forte
– Dor pélvica, febre ou mal-estar
– Sangramento fora do período menstrual ou após relação sexual
– Dor intensa ao urinar ou durante o sexo
– Sintomas em gestantes, independentemente da intensidade
Procure atendimento o quanto antes diante desses sinais. Em muitos casos, o tratamento começa no mesmo dia e o alívio vem em poucos dias.
Exames que podem ser solicitados
– Microscopia do corrimento (a fresco e/ou corado)
– Testes rápidos para ISTs, como tricomoníase, clamídia e gonorreia
– Cultura e PCR, conforme disponibilidade e necessidade
– Avaliação do pH vaginal e teste do whiff
– Em casos selecionados, ultrassonografia pélvica
Leve para a consulta informações sobre início dos sintomas, mudanças recentes na vida sexual, uso de antibióticos e qualquer medicação atual. Isso acelera o diagnóstico e direciona o tratamento mais eficaz.
Perguntas frequentes sobre corrimento e mau cheiro
Esclarecer dúvidas comuns ajuda a evitar erros e ansiedade desnecessária.
Posso tratar em casa com receitas naturais?
Não é recomendado. Substâncias ácidas, óleos ou duchas podem irritar a mucosa e piorar infecções. O corrimento vaginal com odor forte geralmente precisa de antibióticos ou antiparasitários específicos. Busque orientação médica.
O parceiro precisa tratar mesmo se não tiver sintomas?
Sim, especialmente na tricomoníase. Parceiros assintomáticos mantêm a infecção circulando, causando reinfecções. Ambos devem ser tratados e usar preservativo até liberação médica.
Posso ter vaginose e tricomoníase ao mesmo tempo?
Sim. Coinfecções são possíveis e podem intensificar o mau cheiro. Nesses casos, o médico ajusta a terapia para cobrir todas as causas identificadas.
Quanto tempo leva para o odor desaparecer?
Em geral, os sintomas melhoram em poucos dias após o início do tratamento correto. Conclua o esquema prescrito, mesmo que haja melhora precoce, para evitar recidivas.
O corrimento sempre indica IST?
Não. Vaginose bacteriana e candidíase não são ISTs clássicas. No entanto, novas parcerias ou sexo desprotegido aumentam o risco de desequilíbrios ou de ISTs concomitantes. Avaliação individual é essencial.
Plano de ação em 5 passos para aliviar o mau cheiro com segurança
– Observe os sinais: cor, odor, coceira, ardor ao urinar e dor na relação.
– Evite duchas e produtos perfumados; não use restinhos de pomada sem diagnóstico.
– Marque consulta com ginecologista; se possível, evite lavar internamente antes do exame.
– Siga o tratamento completo e, em caso de tricomoníase, garanta que o(s) parceiro(s) também trate(m).
– Adote prevenção: preservativo, higiene adequada, roupas arejadas e check-ups regulares.
Sem pânico: com diagnóstico correto e tratamento adequado, o corrimento vaginal com mau cheiro tem excelente resolução.
Mensagem final
Mau cheiro íntimo é um alerta do corpo. Entre as causas mais comuns estão a tricomoníase, uma IST muito frequente, e a vaginose bacteriana, um desequilíbrio da flora. O diagnóstico clínico e simples no consultório costuma ser suficiente para direcionar antibióticos ou antiparasitários que resolvem o problema. Tratar o parceiro quando indicado, evitar duchas e adotar sexo seguro são estratégias-chave para evitar reinfecções.
Não normalize o incômodo: se você notou alterações no corrimento vaginal, procure seu ginecologista e retome seu bem-estar. Agende sua consulta hoje mesmo e dê o primeiro passo para recuperar a saúde íntima com segurança.
O vídeo aborda o corrimento amarelado esverdeado com mau cheiro, frequentemente associado à tricomoníase, uma infecção sexualmente transmissível. O corrimento pode ocorrer sozinho ou com sintomas como dor ao urinar e irritação vaginal. Além da tricomoníase, outras condições como a vaginose bacteriana também podem causar sintomas semelhantes. O diagnóstico é feito pelo ginecologista através de exame físico e características do corrimento, e o tratamento envolve antibióticos e antiparasitários, sendo importante tratar ambos os parceiros para evitar reinfecções. O vídeo também enfatiza a importância da prevenção, como o uso de preservativos e cuidados com a higiene íntima, evitando duchas vaginais que podem agravar infecções. Recomenda-se realizar check-ups ginecológicos anuais e procurar o médico ao notar sintomas anormais.
