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Corrimento pode causar infertilidade em 2025 — saiba quando agir

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Por que falar de corrimento vaginal e fertilidade em 2025

Em 2025, a maioria das mulheres terá ao menos um episódio de corrimento ao longo da vida fértil. Nem todo corrimento vaginal é doença: há secreções fisiológicas que variam com o ciclo, a libido e o uso de métodos hormonais. Mas quando o aspecto muda de forma persistente, com odor, coceira, dor ou sangramento, é sinal de que algo merece atenção — e, em alguns casos, esse “algo” pode afetar a fertilidade. A boa notícia é que identificar cedo e tratar corretamente faz toda a diferença para preservar a saúde reprodutiva.

Este guia prático explica quando o corrimento anormal se relaciona a infecções, quais realmente podem levar a inflamação pélvica e infertilidade, que exames pedir hoje, e como agir sem pânico. Com orientações claras, você saberá quando observar, quando marcar consulta e como se prevenir.

O que é normal e o que acende o alerta

Características do corrimento fisiológico

Durante o ciclo, a vulva e a vagina produzem secreções naturais que variam em cor, quantidade e textura. Isso não é um problema; é um sinal de equilíbrio hormonal e autolimpeza vaginal.

– Transparente a esbranquiçado, sem cheiro forte
– Textura que muda: mais fluida durante a ovulação (parecida com “clara de ovo”), mais cremosa no restante do ciclo
– Sem coceira intensa, ardor, dor pélvica ou mau odor
– Quantidade que aumenta com excitação sexual, uso de hormônios ou gestação

Essas características costumam indicar um corrimento vaginal fisiológico, que não precisa de tratamento. Observar seu próprio padrão ao longo de três ciclos ajuda a identificar o que é normal para você.

Sinais de alerta que exigem avaliação

Nem todo corrimento anormal é urgente, mas há pistas que merecem consulta com ginecologista:

– Odor forte (por exemplo, “cheiro de peixe”) persistente
– Coloração amarela, esverdeada, acinzentada ou marrom
– Presença de sangue fora do período menstrual, especialmente após relação sexual
– Coceira intensa, ardor, dor pélvica ou durante a relação
– Corrimento espesso tipo “nata de leite” com coceira (candidíase)
– Sintomas que não melhoram após cuidados básicos por 48–72 horas
– Em mulheres na menopausa: qualquer corrimento com odor/sangramento é sinal de alerta

Esses achados podem indicar infecções bacterianas ou fúngicas, vaginose, cervicite, doenças sexualmente transmissíveis (ISTs) ou, raramente, alterações no colo e no endométrio.

Principais causas de corrimento e seu impacto na fertilidade

Candidíase: incômodo frequente, mas raramente problema de fertilidade

A candidíase é uma infecção fúngica comum, com corrimento branco espesso, coceira e vermelhidão vulvar. Em geral, não tem mau cheiro e não costuma causar inflamação pélvica ou infertilidade. É desconfortável, porém tratável com antifúngicos tópicos ou orais prescritos.

– Raramente associada à doença inflamatória pélvica (DIP)
– Pode recidivar após antibióticos, períodos de estresse, alterações hormonais ou diabetes
– Automedicação repetida pode mascarar diagnósticos de ISTs; procure confirmação com exame quando os episódios forem frequentes

Se os episódios forem recorrentes (quatro ou mais por ano), o ideal é investigar fatores predisponentes e confirmar o agente com exame, pois nem toda coceira com corrimento espesso é candidíase.

Infecções bacterianas e ISTs: quando há risco real

Algumas bactérias podem ascender do colo do útero para o útero e trompas, gerando inflamação e cicatrizes. É esse processo que está ligado à infertilidade tubária.

– Clamídia (Chlamydia trachomatis): pode causar corrimento discreto ou passar despercebida. Sem tratamento, até 10–20% das mulheres podem evoluir para DIP. Após um episódio de DIP, o risco de infertilidade tubária pode chegar a 10%; com episódios repetidos, o risco cumulativo aumenta.
– Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae): costuma causar corrimento amarelo-esverdeado, dor pélvica e sangramento intermenstrual, com maior potencial inflamatório.
– Ureaplasma e Mycoplasma: podem estar associados a cervicites e inflamação subclínica, especialmente quando combinados com outros patógenos.
– Tricomoníase: corrimento espumoso, amarelado-esverdeado, odor e desconforto. A inflamação local aumenta a susceptibilidade a outras ISTs.
– Vaginose bacteriana: não é IST, mas indica desequilíbrio da flora. O odor forte e o corrimento acinzentado sinalizam pH elevado e aminas voláteis. A vaginose facilita a ascensão de patógenos e está associada a complicações na gestação e maior risco de DIP em contextos específicos.

O ponto-chave: não é o corrimento vaginal em si, mas o agente causador e o tempo sem tratamento que determinam o risco para a fertilidade.

Do corrimento à doença inflamatória pélvica: como ocorre a infertilidade

Como a inflamação danifica as trompas

Quando uma infecção bacteriana não é tratada, os microrganismos podem ultrapassar o colo do útero e alcançar o endométrio e as trompas. O organismo reage com inflamação, tentando conter a infecção. No entanto, esse processo pode:

– Destruir cílios das trompas, essenciais para transportar o óvulo
– Formar aderências e cicatrizes que obstruem parcial ou totalmente as trompas
– Alterar o ambiente uterino, dificultando a implantação

Com isso, a fertilidade pode reduzir e o risco de gravidez ectópica aumenta. Estudos sugerem que, após DIP, o risco de dor pélvica crônica e subfertilidade é significativo, especialmente quando o tratamento é tardio.

Sinais de DIP e complicações a observar

A DIP pode ser silenciosa ou apresentar sintomas que variam de leves a intensos:

– Dor pélvica, febre, mal-estar, sangramento fora do período, dor à relação
– Corrimento com odor e sensibilidade ao toque do colo do útero no exame
– Em casos complicados: abscesso tubo-ovariano, dor intensa e necessidade de internação

Um atendimento precoce encurta o tempo de infecção ativa, reduz o dano inflamatório e protege a fertilidade. Se você notar piora súbita da dor pélvica com febre, procure urgência.

Quando agir: passos práticos e o que esperar no consultório

Autoavaliação segura e primeiros cuidados

Ao notar alterações, observe e registre características do corrimento vaginal por 48–72 horas:

– Cor, odor, textura, quantidade
– Relação com o ciclo, atividade sexual e uso de sabonetes/absorventes
– Sintomas associados: coceira, ardor, dor pélvica, sangramento

Enquanto aguarda consulta, algumas medidas podem ajudar sem atrapalhar o diagnóstico:

– Evite duchas internas e desodorantes íntimos
– Use calcinhas de algodão e evite roupas muito apertadas
– Prefira sabonete suave na área externa, sem lavar o canal vaginal
– Se houver coceira moderada, compressas frias podem aliviar temporariamente

Atenção: evite antibióticos ou antifúngicos por conta própria. A automedicação pode aliviar parcialmente e atrasar o diagnóstico correto, inclusive de ISTs que afetam a fertilidade.

Exames modernos em 2025 e tratamentos eficazes

No consultório, o ginecologista investiga a causa com recursos atualizados:

– Coleta de secreção vaginal ou cervical para testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAAT) para clamídia, gonorreia e tricomoníase
– Microscopia, pH vaginal e teste das aminas para vaginose bacteriana
– Cultura ou PCR para candida em casos recorrentes
– Sorologias e ultrassonografia quando houver sinais de DIP ou outras suspeitas
– Eventualmente, histerossalpingografia ou sonohisterossalpingografia para avaliar trompas em investigação de infertilidade

Tratamento direcionado é mais efetivo e protege a fertilidade:

– Antibióticos específicos para agentes bacterianos e ISTs, com tratamento do(s) parceiro(s) quando indicado
– Antifúngicos para candidíase, ajustando a via e a duração conforme a frequência das crises
– Reavaliação clínica após o término do tratamento e, quando recomendado, teste de cura (especialmente na gravidez, sintomas persistentes ou gonorreia)
– Orientação para abstinência sexual até completar o esquema e resolução dos sintomas

Em casos de DIP, o tratamento é iniciado imediatamente, com antibióticos de amplo espectro. Abscessos podem requerer internação e, raramente, cirurgia.

Prevenção inteligente e hábitos que protegem sua fertilidade

Rotina íntima saudável

A microbiota vaginal é uma aliada. Preservá-la reduz o risco de desequilíbrios e infecções ascendentes.

– Evite duchas vaginais e produtos perfumados internos
– Use roupas íntimas respiráveis e troque roupas molhadas rapidamente
– Gerencie o estresse e o sono; flutuações hormonais e imunológicas influenciam as defesas locais
– Após antibióticos, observe sinais de candidíase e, se houver recorrência, converse sobre estratégias preventivas
– Se você tem episódios recorrentes de corrimento vaginal, discuta com seu médico um plano de manejo, incluindo confirmação diagnóstica antes de tratar

Vida sexual segura e rastreios

A prevenção de ISTs é a medida mais eficaz para proteger as trompas e a fertilidade.

– Camisinha em todas as relações, inclusive sexo oral, especialmente em novos parceiros
– Testagem regular para clamídia e gonorreia se você tem menos de 25 anos e vida sexual ativa, ou mais de 25 com novos parceiros ou múltiplos parceiros
– Oriente e trate parceiros simultaneamente quando houver diagnóstico de IST, conforme a legislação local
– Evite relações sexuais quando houver corrimento vaginal com odor e dor, até avaliação
– Mantenha o rastreamento do colo do útero (Papanicolau/HPV) conforme orientação

Em 2025, muitos serviços oferecem coleta auto-instrutiva de swab vaginal para NAAT, ampliando o diagnóstico precoce. Pergunte ao seu laboratório ou clínica.

Para quem está na menopausa ou tentando engravidar

Menopausa: corrimento com odor ou sangue é sinal vermelho

Na menopausa, os estrogênios caem e a mucosa vaginal fica mais fina e seca, favorecendo irritação e inflamação. Ainda assim, corrimento com odor forte ou sangramento não é esperado.

– Procure avaliação médica para descartar vaginite atrófica, infecções, pólipos ou, raramente, tumores do colo/endométrio
– Não postergue a consulta se houver sangramento pós-coito ou corrimento acastanhado
– Tratamentos incluem lubrificantes, terapia estrogênica local quando indicada e antibióticos/antifúngicos específicos, conforme o diagnóstico

A regra é simples: na menopausa, qualquer corrimento vaginal com odor anormal, coloração persistente ou sangue deve ser investigado com prioridade.

Planejando gestação: reduza riscos antes de tentar

Se você deseja engravidar, um check-up pré-concepcional é estratégico:

– Testes para ISTs (clamídia, gonorreia, sífilis, HIV) e atualização de vacinas pertinentes
– Avaliação do colo do útero e do útero, incluindo ultrassonografia se houver histórico de dor pélvica, DIP ou corrimentos recorrentes
– Tratamento de vaginose bacteriana sintomática e outras infecções antes de tentar engravidar
– Revisão de medicamentos e hábitos, como tabagismo, que elevam riscos reprodutivos

Quanto mais cedo a causa do corrimento vaginal é diagnosticada e tratada, menores os impactos na fertilidade e na saúde da gestação.

Perguntas comuns sobre corrimento e fertilidade

Todo corrimento pode causar infertilidade?

Não. Corrimentos fúngicos (como a maioria dos episódios de candidíase) raramente se relacionam à infertilidade. O risco maior vem de infecções bacterianas e ISTs que podem subir para o útero e as trompas, levando à inflamação. Por isso, diferenciar a causa é essencial.

Quanto tempo posso esperar antes de procurar ajuda?

Se o corrimento vaginal tiver odor forte, cor amarela/esverdeada, dor pélvica ou sangramento, marque consulta assim que possível. Em sintomas leves, observar 48–72 horas pode ser razoável, evitando automedicação. Piora súbita, febre ou dor intensa requerem atendimento imediato.

Posso tratar em casa com antifúngico de farmácia?

O uso esporádico em sintomas típicos de candidíase pode aliviar, mas o ideal é confirmar o diagnóstico, principalmente em casos recorrentes. Tratar “no escuro” pode atrasar o manejo de ISTs que afetam a fertilidade.

Se tive clamídia uma vez e tratei, ainda posso engravidar?

Muitas mulheres engravidam normalmente após tratamento adequado e precoce. O risco de infertilidade aumenta quando há atraso no tratamento, DIP ou infecções repetidas. Por isso, rastrear e tratar parceiros, além de usar camisinha, é decisivo para evitar recorrências.

Como sei se minhas trompas foram afetadas?

Se houver histórico de DIP, dor pélvica crônica ou dificuldade para engravidar após 12 meses (ou 6 meses se você tiver 35 anos ou mais), converse sobre exames de permeabilidade tubária, como histerossalpingografia ou sonohisterossalpingografia.

Sinais práticos para guiar sua decisão

Para facilitar, use este checklist rápido ao notar alteração no corrimento:

– Sem odor forte, sem dor e melhora em até 72 horas: observe e otimize cuidados locais
– Odor forte, cor amarela/verde/cinza, coceira intensa ou dor: agende ginecologista
– Febre, dor pélvica importante, mal-estar: busque atendimento imediato
– Na menopausa, qualquer corrimento vaginal com sangue ou odor: avaliação prioritária
– Recorrência frequente: solicite investigação dirigida e plano de prevenção

E lembre-se: documentar os episódios (cor, odor, ciclo, sintomas) ajuda muito seu médico a fechar o diagnóstico e escolher o melhor tratamento.

Boas práticas de comunicação com seu ginecologista

Uma consulta bem aproveitada acelera diagnóstico e tratamento. Leve informações objetivas:

– Quando começaram os sintomas e como evoluíram
– Se houve novos parceiros, relação sem camisinha ou tratamento recente com antibióticos
– Lista de medicamentos e alergias
– Histórico de episódios semelhantes e tratamentos que funcionaram ou não
– Se há desejo de engravidar agora ou em breve

Com essas informações, o médico direciona exames, avalia riscos de infertilidade e propõe um plano claro para resolver o corrimento e proteger sua saúde reprodutiva.

Resumo rápido e próximo passo

Nem todo corrimento causa infertilidade. A candidíase é comum e geralmente não compromete as trompas. O cuidado maior recai sobre infecções bacterianas e ISTs — como clamídia, gonorreia e tricomoníase — que, se não tratadas, podem causar doença inflamatória pélvica e cicatrizes tubárias. Reconhecer sinais de alerta, evitar automedicação e buscar diagnóstico correto são atitudes que preservam a fertilidade.

Se você notou mudanças persistentes no corrimento vaginal, especialmente com odor, dor ou sangramento, marque sua consulta de ginecologia. Quanto antes identificar a causa, mais simples é o tratamento e menores os impactos na sua vida e nos seus planos de gestação. Cuide hoje do seu bem-estar íntimo para manter sua saúde reprodutiva amanhã.

Juliana Matos, ginecologista e obstetra do Instituto Amato, discute a relação entre corrimentos vaginais e infertilidade. Ela explica que corrimentos anormais podem ser causados por infecções bacterianas ou fúngicas, com características distintas. A candidíase, uma infecção fúngica comum, pode causar prurido e é tratável, mas não está diretamente relacionada à infertilidade. Por outro lado, corrimentos bacterianos, como os causados por clamídia e ureaplasma, podem levar a doenças inflamatórias pélvicas e infertilidade se não tratados. Juliana também menciona a importância de consultar um ginecologista ao notar corrimentos com odor ou coloração anormal, especialmente em mulheres menopausadas, que podem estar em risco de tumores. Ela conclui ressaltando que nem todos os corrimentos causam infertilidade, mas alguns precisam de atenção médica.

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